O verão brasileiro está com seus dias contados, o outono meteorológico se inicia no mês de março e irá durar até o final do mês de maio. Com isso, podemos ir nos despedindo do calor e também das famosas chuvas de verão para grande parte do Brasil, principalmente nos estados do centro-sul do país.
O outono, sendo uma estação de transição entre verão e inverno, ainda registra dias de muito calor, mas também começa a apresentar mais alternância desses dias quentes com dias mais frios, principalmente entre meados de abril e maio. O mesmo acontece com as chuvas, março pode ser um mês ainda marcado pelas pancadas de chuva típicas de verão, inclusive podendo ainda registrar eventos de Zonas de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), mas a partir dos meses de abril e maio essas chuvas perdem intensidade e deixam de ser tão frequentes.
Climatologicamente falando, durante o trimestre de outono meteorológico as chuvas diminuem substancialmente sobre a região Sudeste, e também sobre partes do Centro-Oeste, com exceção do norte do estado do Mato Grosso, que tem uma maior semelhança ao clima da região amazônica, que registra altos acumulados de chuva nesse período do ano. Sobre o Sul as chuvas, que são bem distribuídas ao longo do ano, começam a ficar mais volumosas devido a uma maior atuação de frentes frias e formação de ciclones extratropicais próximo a região, esse aumento das chuvas fica mais evidente sobre o estado do Rio Grande do Sul e partes de Santa Catarina.
Quais padrões influenciam o clima deste outono no Brasil?
A fase positiva do padrão de variabilidade climática El Niño – Oscilação Sul (ENOS), o El Niño, segue se enfraquecendo e caminhando para seu fim, inclusive é quase certo que durante o outono o ENOS entre em sua fase neutra, dando lugar a uma possível La Niña a partir da segunda metade deste ano. Com esse enfraquecimento do El Niño, seus impactos sobre o Brasil também irão enfraquecer e não esperamos sua influência na variabilidade do clima no Brasil nessa próxima estação.
Enquanto as anomalias positivas de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) perdem força sobre o Pacífico Tropical, no Atlântico Tropical as TSMs seguem muito mais quentes que o normal e os modelos apontam que essa porção tropical do Atlântico se manterá bem mais quente que o normal no próximo trimestre. Essas anomalias positivas de TSM próximo a costa das regiões Norte e Nordeste favorecem a permanência da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) mais a sul, contribuindo para chuvas acima da média no norte do Brasil.
Além dos padrões oceânicos, nessa época do ano esperamos uma maior influência também da Oscilação Antártica (AAO, na sigla em inglês) que começa a ficar mais ativa e influente, contribuindo na formação e propagação dos sistemas transientes – ciclones e frentes – no sudeste da América do Sul, abrangendo o centro-sul do Brasil.
Tendência de chuvas para o outono do Centro-Oeste, Sudeste e Sul
Para o trimestre de março, abril e maio o modelo do ECMWF indica uma tendência dos acumulados de chuva ficarem dentro ou abaixo da média para as regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul, sem nenhum indicativo que alguma partes dessas regiões poderia registrar chuvas acima da média.
A previsão do modelo ECMWF indica que o outono poderá ser chuvas abaixo da média em partes do Sudeste e Centro-Oeste do Brasil, enquanto que sobre o Sul as chuvas ficarão dentro do normal para a estação.
A tendência de chuvas abaixo da média compreende uma região que se estende desde o litoral do Sudeste, na altura dos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, passando também pelo sul de Minas Gerais até chegar no Centro-Oeste, principalmente no estado do Mato Grosso do Sul e sul de Goiás. Essa tendência de chuvas abaixo da média provavelmente é um efeito causado pelas chuvas acima da média previstas no Nordeste. Como a ZCIT estará promovendo movimentos ascendentes anômalos sobre o Nordeste, por compensação, movimentos subsidentes ocorrem ao sul dessa região, sobre o Sudeste, desfavorecendo as chuvas.
Para o restante das regiões Sudeste e Centro-Oeste, a previsão indica uma tendência de chuvas dentro da média climatológica. Inclusive, todos os estados da região Sul do Brasil também mostram uma tendência de acumulados de chuvas dentro da média, o que sinaliza que teremos uma atividade de ciclones e sistemas frontais dentro do esperado para essa época do ano.
Por fim, falando brevemente das temperaturas,durante essa estação de transição de verão para inverno podemos ter uma sequência de dias quentes seguidos por uma quebra para dias mais frios, com o maior deslocamento das frentes frias. Entretanto, em termos de temperatura média esperada para o outono, espera-se que para o todo o Brasil as temperaturas fiquem acima do normal nos próximos meses, ainda como um reflexo do El Niño e também um reflexo das altas temperaturas que estão sendo registradas no Atlântico, próximo ao Brasil.
