A Polícia Federal realizou uma operação nesta terça-feira (13) em Bagé, no Rio Grande do Sul, cumprindo 34 mandados de busca e apreensão. A ação investiga um esquema de “rachadinha”, onde parte dos salários de servidores seria desviada para agentes políticos. O prefeito de Bagé, Divaldo Lara, é um dos principais alvos da operação.
As investigações apontam que, desde 2017, servidores comissionados eram obrigados a repassar parte de seus salários para um grupo liderado por Lara. Estima-se que mais de R$ 10 milhões tenham sido desviados para campanhas eleitorais sem a devida declaração à Justiça Eleitoral.
Além de Divaldo Lara, sua esposa, Priscila Fischer Lara, também está sob investigação. Priscila, que é policial civil, é suspeita de ter utilizado informações privilegiadas para beneficiar o esquema. A defesa do casal alega que não há novidades que justifiquem a operação e que a investigação está sendo prolongada de forma ilegal.
A operação, autorizada pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul, também cumpriu mandados em Porto Alegre e Florianópolis. A casa de Lara em Bagé foi um dos locais alvo das buscas. A Polícia Civil do RS está se informando sobre o envolvimento de Priscila no caso.
Dois vereadores de Bagé, Rodrigo Ferraz e Michelon Apoitia, ambos do PL, também são investigados por supostamente participarem do esquema de desvio de salários. A defesa de Apoitia criticou a operação, alegando que ela tem motivações políticas em período pré-eleitoral.
Esta é a terceira fase da Operação Coactum, que investiga crimes como caixa dois, organização criminosa, peculato e lavagem de dinheiro. Na fase anterior, realizada em maio, foram apreendidos mídias, dinheiro e provas, e dois servidores foram presos em flagrante.
Divaldo Lara, de 45 anos, é natural de Bagé e foi vereador antes de se tornar prefeito em 2016, sendo reeleito em 2020. Conhecido por sua postura de combate à corrupção, Lara já enfrentou outras acusações e foi afastado do cargo em 2019, mas retornou após três meses. Ele foi declarado inelegível por oito anos em 2022, mas continua no cargo até o final de seu mandato em 2024.