A Liderroll, sob liderança de Paulo Roberto Gomes Fernandes, desenvolveu uma metodologia específica para um dos trechos mais desafiadores do gasoduto Subida da Serra, em São Paulo. A proposta combina estruturas treliçadas modulares e roletes motorizados para lançar o duto a partir do pé da montanha, reduzindo riscos para as equipes e diminuindo de forma significativa a área de intervenção sobre a vegetação da encosta.
Um trecho com inclinação extrema
O chamado Trecho 3 do gasoduto tem inclinação estimada entre 35 e 40 graus, o que torna o uso de métodos tradicionais de construção especialmente delicado. Em um terreno assim, abrir uma faixa larga, circular com equipamentos pesados, montar guindastes e transportar materiais por toda a encosta aumenta os riscos de acidentes e de instabilidade do solo.
Na avaliação de Paulo Roberto Gomes Fernandes, esse tipo de traçado exige soluções projetadas desde o início para grandes declividades. Em vez de tentar adaptar o método convencional a qualquer custo, a opção da Liderroll foi criar um sistema capaz de levar o duto montado desde a base da montanha até o alto da serra, com o mínimo de intervenção sobre o morro.
Estrutura treliçada como caminho técnico para o duto
A metodologia da Liderroll se baseia em treliças metálicas modulares, instaladas ao longo da encosta por equipes treinadas em trabalho em altura. Essas estruturas, de montagem seriada, funcionam como um “caminho técnico” elevado, por onde passarão os tubos de 20 polegadas.
Sobre as treliças são montados roletes motorizados especiais, responsáveis por tracionar a tubulação e controlar sua movimentação tanto na subida quanto na descida. Paulo Roberto Gomes Fernandes destaca que a empresa construiu um protótipo em escala real desse sistema e o submeteu a testes por mais de um ano, lançando dutos em inclinações de até 90 graus, com controle total de velocidade e frenagem.
Menos faixa de domínio e menor impacto ambiental
Um dos diferenciais do método apresentado por Paulo Roberto Gomes Fernandes está na largura da faixa de domínio. Enquanto soluções convencionais em regiões de serra costumam exigir faixas de 15 metros ou mais, a estrutura treliçada da Liderroll foi projetada para trabalhar com larguras bem mais estreitas. Em cenários com apenas um duto, a faixa pode ficar em torno de 1,4 metro, reduzindo bastante a necessidade de supressão de mata.
A mesma estrutura, porém, pode ser dimensionada para receber no futuro até quatro linhas, com diâmetros diferentes, sem a necessidade de abrir novos corredores na encosta. Isso significa que, em uma eventual ampliação da malha, a ampliação poderia ser feita utilizando o mesmo caminho físico, com impacto ambiental adicional muito menor.

Essa combinação entre faixa estreita, capacidade de expansão e facilidade de inspeção torna a solução interessante para trechos onde o objetivo é equilibrar viabilidade técnica, segurança e preservação de vegetação nativa.
Segurança e qualidade das soldas
Outro ponto relevante da proposta da Liderroll é a redistribuição das atividades de obra. Em vez de manter frentes de trabalho espalhadas pela encosta, com grandes cargas sendo movimentadas em desníveis acentuados, a maior parte das operações críticas de montagem e soldagem ocorre em um Pipe-shop instalado ao pé da montanha.
Nesse canteiro, as juntas são alinhadas e soldadas em ambiente mais controlado, o que favorece a qualidade do trabalho. Depois, os tubos seguem para o trecho inclinado, onde a estrutura treliçada e os roletes motorizados fazem o deslocamento até o topo. Com isso, as equipes que atuam na encosta lidam principalmente com montagem de treliças e ajustes finos, e não com o manuseio direto de trechos pesados de tubulação em movimento.
Para Paulo Roberto Gomes Fernandes, esse arranjo reduz o risco de incidentes com cargas suspensas, limita a exposição de trabalhadores em áreas críticas e contribui para a integridade do duto ao longo de sua vida útil, já que o tubo deixa de sofrer esforços irregulares em vales, depressões ou trechos de difícil acesso.
Alternativa ao método convencional em terrenos críticos
Em encostas com grande inclinação, a aplicação direta do método convencional tende a exigir soluções adicionais: pilares de concreto ou aço em vãos acentuados, fundações em locais de difícil acesso, desmontes de rocha em área inclinada e movimentação intensiva de máquinas. Cada uma dessas etapas agrega custo, prazo e risco ao empreendimento.
Ao propor uma estrutura treliçada contínua, pré-dimensionada para vencer desníveis e depressões, a Liderroll busca simplificar o conjunto da obra. Trechos com vãos maiores podem ser tratados já em projeto, com reforços e geometrias adequadas em fábrica, em vez de depender de improvisos em campo.
Para o debate em torno do gasoduto Subida da Serra, a metodologia apresentada por Paulo Roberto Gomes Fernandes e sua equipe surge como uma alternativa para tratar trechos de alta complexidade com outro tipo de lógica construtiva: menos abertura de faixa, mais controle sobre os movimentos da tubulação e um caminho estruturado para inspeção futura, em linha com exigências contemporâneas de segurança e de cuidado ambiental.
Autor: Semyon Kravtsov
